19/07/2007

“Pensar é um ato. Sentir é um fato... os dois juntos sou eu escrevendo.”Clarice Lispector.

O texto que chora.
O texto que grita.
O texto que se sente:

As Prostitutas da América Latina
por Molotov

Violetas do terceiro mundo que choram nas incontentáveis vozes das janelas que padecem abertas. Silêncio?
Mulatas sem terra gemem ao parir. Doce melodia, um filme, um batom, maças de inocente Minerva.
Nasce mais um na terra do medo. Terra fértil, terra de grão que alimenta com cocaína.
O Sol por um fio aquece o umbigo das meninas prostituídas que cantam “amor, amor, amor América Latina”, estúpidas.
Elas são cachorras ou pior que isso, dizem os Gringos com pênis ereto.
Selvagens vadias do terceiro mundo! Perfumes de erva-doce, sangue e abandono.
Num prédio, Bardo eloqüente estuprador faz cócegas nas sacanagens do senado.
Ele escreve sobre as condições miseráveis que proclama vários preços.
É propaganda! São virgens de 12 anos agora narradas por um tarado que vê tudo e faz arte.
Na mídia, vira sinfonia. Dançam maxixe.
Aquece a elite como obra de arte. Sentem o hálito óctuplo de juá.
De jubilo, arrancam os próprios dentes e os enterram aos ouvidos que sangram.
Fazem sexo anal com um jogral em uma casa de pôquer. Loucos, infames!
A paisagem é tomada por cor cinza. São charutos, cafetões! Assassinos, estupradores, corruptos.
Poetas transpiram açúcar e chegam a dar ânsia.
Nas paredes avermelhadas pelo tom em brio se vê sombra e sexo.
A lua parece ser um trapo velho costurado em uma cortina azul anil.
De relance a neblina parece escrever “ordem e progresso”. É o cândido nacionalismo que canta aos olhos nus.
Nas varizes do céu aonde se vê as estrelas cintilantes um macaco anuncia: amem sua pátria!
Aids, pavor, grades.
Aborto em más condições.
Sangue, culpa, medo. São assassinas de fetos-semivivos.
Lágrimas, e lágrimas e lágrimas.
Mostrem-me a casa de sal.